27.1.14
Programa Piloto
O bispo entra na igreja, portão grandioso, nave central, tapete vermelho, luzes douradas no teto. Ajoelha-se diante da grande imagem de Nossa Senhora da Conceição no altar lateral, desabotoa três botões da batina e começa a se masturbar enquanto murmura espasmodicamente um aglomerado de frases de orações marianas salve rainha doçura e esperança, esses vossos misericordiosos oculos ad nos converte bendito fruto gementes et flentes in hoc lacrimarum vale AVE AVE MARIA in hoc doçura a ti clamamos suspiramos cheia de graça ventre vosso ventre pecadores e quando chega em pecadores seu rosto se contorce e sustém aquela palavra enquanto se masturba furiosamente em direção ao orgasmo. Se aproxima da estátua andando sobre os joelhos e lambe o frio véu de gesso que forma o seio da santa. Seu rosto está vermelho e inchado e sua quando entra um homem fardado, patente alta, bigode grosso na igreja, andando a passos largos, bota de couro batendo no tapete, dá uma virada militar quando chega na altura do altar lateral e investe, pica em riste, contra o traseiro inclinado do padre, atravessa a batina e acerta em cheio no cu. Continuam a procissão até que, balançando em teias de aranha pelas colunas da igreja chegam uma repórter decotada e um pastor metrossexual carregando dois grandes microfones negros cujos traseiros enfiam em bunda de soldado e boca de padre que baba sobre tudo, agora já cantarolando show-das-poderosas. Padre soldado repórter e pastor envolvidos em tal cena de bizarria e selvagem mal-gosto - entram na igreja correndo uma centena de pretinhos da favela conduzidos por dois policiais militares da UPP, enquanto uma banda de percussão de artistas globais de abadá do olodum toca thriller. Os policiais militares colocam-se à frente das crianças com varetas de maestro sujas de sangue e, com um sorriso afetuoso e maternal nos lábios, conduzem enquanto os negrinhos iniciam uma coreografia de all i wanna say is that they don't really care about us em volta do altar lateral. Neymar de cocar entra fazendo moonwalk com uma garrafa de coca-cola na mão, sobe no dorso do soldado e mija em cima de todo mundo. Um árabe gordo e um wasp de cabelos brancos assistem o espetáculo fumando charutos cubanos, sentados no altar central protegidos por um grupo de piriguetes semi-nuas de quatro rosnando em torno do altar, seguradas por coleiras pelos bilionários. A família brasileira assiste em casa, de pay-per-view.
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Um comentário:
o poder da escrita é fantástico, e você o tem, rodrigo!
demais esse, uma grande satirização da nossa sociedade. pedraada!!!
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