4.2.16

Quarta defesa: de minhas viagens (Paracelso)

Paracelso (1493 - 1541) foi um médico suíço, alquimista, astrólogo e filósofo. Um humanista no Renascimento e escritor prolífico de tratados, cartas e fragmentos. Criticou a tradição escolástica na medicina e defendeu o ensino no vernáculo alemão. No livro Septem Defensiones se defende das acusações de seus inúmeros detratores. Neste trecho da quarta defesa, explica a importância de seu modo de ser viajante para sua ciência.


Se faz necessário que eu dê satisfação de minhas viagens e explique porque não me fixo em lugar algum. Ora, como posso me opor a qualquer coisa, ou controlar o que não pode ser controlado? Ou o que posso acrescentar ou subtrair à predestinação? E apenas para que eu tenha algo sobre o que me desculpar diante de vós, já que se fala tanto de mim, para me irritar e injuriar, justo porque sou um viajante, como se isso me diminuísse – se eu me queixo disso, ninguém deve se irritar comigo. Minhas viagens até hoje me geraram, pois causas engendram, e ninguém cria seu mestre em casa, nem encontra seu professor atrás do fogão. Assim, também, não se encontram todas as artes na pátria, mas espalhadas por todo o mundo. Não estão em nenhum homem, ou lugar, mas precisam ser recolhidas, tomadas e examinadas, ali onde se encontram. Todo o firmamento testemunha comigo que as inclinações se distribuem excentricamente, não para um indivíduo qualquer em seu vilarejo, mas, de acordo com o teor das esferas superiores, se dirigem para sua finalidade em raios e emanações. Se não me custa barato nem me dignifica pesquisar e examinar estas finalidades e ver o que age em cada um? Ainda que isso me afligisse, eu seria o dispendioso Teofrasto que sou. Não é assim mesmo? A arte não vai ao encontro de cada um, mas deve-se ir atrás dela. Por isso afirmo, e estou de acordo, que devo eu buscá-la, e não ela a mim. Tome um exemplo! Se quisermos encontrar Deus, então devemos ir até ele porque ele diz: Vinde a mim! Porque assim é, devemos portanto ir atrás daquilo que desejamos. Disso então segue: se alguém quer ver uma pessoa, um país, uma cidade, conhecer este lugar e seus costumes, os céus e o ser dos elementos, então este deve ir ele próprio e buscá-los. Pois que estes venham atrás dele, isto não é possível. Assim, é o proceder daquele que deseja ver e conhecer algo, que ele vá atrás disso e estabeleça um reconhecimento da área. E quando for melhor, que mude de caminho e siga adiante.



   [513] Mir ist not, daß ich mich wegen meines Landfahrens verantworte, und deswegen, daß ich so gar nirgends bleiblich bin. Nun, wie kann ich wider das sein oder das gewaltigen, das mir zu gewaltigen unmöglich ist? Oder was kann ich der Praedestination nehmen oder geben? Damit ich mich aber euch gegenüber in etwas entschuldige, weil mir so viel nachgeredet wird, auch mich zu verargen und zu verspotten, deshalb daß ich ein Landfahrer bin, gleich als ob ich dadurch desto minder wert sei – soll es mir niemand verargen, daß ich mich ob demselben beschweren würde. Mein Wandern, das ich bisher verbracht habe, ist mir wohl erschossen, der Ursach halben, daß keinem sein Meister im Hause wächst, noch er seine Lehrer hinter dem Ofen hat. So sind auch die Künste nicht alle in eines Vaterland eingeschlossen, sondern sie sind durch die ganze Welt ausgeteilt. Nicht daß sie in einem Menschen allein oder an einem Ort seien, sondern sie müssen zusammengeklaubt, genommen und gesucht werden, da da sie sind. Es bezeugts mit mir das ganze Firmament, daß die inclinationes sonderlich ausgeteilt sind, nicht allein einem jeglichen in seinem Dorf, sondern nach Inhalt der obersten Sphaeren gehen auch die radii, die Strahlungen, in ihr Ziel. Ob es mir nicht billig sei und wohl anstehe, diese Ziele zu erforschen und zu durchsuchen und[513] zu sehen, was in einem jeglichen gewirkt wird? Wenn ich dessen ein Gebrechen trüge, würd ich unbillig der Theophrastus sein, der ich denn bin. Ist das nicht so? Die Kunst geht keinem nach, aber ihr muß nachgegangen werden; drum hab ich Fug und Einverständnis, daß ich sie suchen muß und sie mich nit. Nehmt ein Exempel! Wollen wir zu Gott, so müssen wir zu ihm gehen, denn er spricht: Kommt zu mir! Weil nun dem also ist, so müssen wir dem, dahin wir wollen, nachgehen. Aus dem folgt nun: will einer eine Person sehen, ein Land sehen, eine Stadt sehen, der selbigen Ort und Gewohnheit erfahren, des Himmels und der Elemente Wesen, so muß einer den selbigen nachgehen. Denn daß die selbigen ihm nachgehen, ist nicht möglich. Also ist die Art eines jeglichen, der etwas sehen und erfahren will, daß er dem selbigen nachgehe und eine erkennende Kundschaft einziehe, und wenn es am besten ist, verrücke und weiterfahre.

Um comentário:

Anônimo disse...

Ei, Rodrigo. Você não me conhece, nunca nos falamos, mas eu sempre vejo você andando por aí, fazendo os meus dias na UFF mais bonitos. Um dia nossos olhares se cruzaram por alguns segundos e eu gelei, mas será que você me via? Você é um lindo, não sabia que escrevia e fiquei feliz por ainda ter gente que tem blogs.

Ai se uma chance eu tivesse...

Ass.: o andarilho de óculos.