Na minha terra não há distinções.
A política
de arame farpado da opressão
foi derrubada há
muito tempo. A única recordação
de batalhas passadas, perdidas ou
vencidas, é um ligeiro
roçar
nos férteis campos.
Na minha terra
as pessoas escrevem poemas de amor,
cheios de nada além
de contentes sílabas infantis.
Todo mundo chora lendo contos russos.
Não
há fronteiras.
Não
há fome, nem
escassez complicada ou ganância.
Eu não
sou uma revolucionária.
Eu nem mesmo gosto de poemas políticos.
Você
acha que eu posso acreditar em uma guerra entre as raças?
Eu posso negá-la.
Eu posso esquecê-la
quando estou segura,
vivendo no meu próprio
continente de harmonia
e casa, mas não
estou
lá.
Eu acredito em uma revolução
porque há
cruzes queimando por toda parte,
milicos exímios
atrás de cada esquina,
há
franco-atiradores nas escolas...
(Eu sei que você
não acredita nisso,
Você
acha que isso não é
nada
Além
de exagero caprichoso. Mas eles
não
estão atirando em você.)
Eu sou marcada pela cor da minha pele.
As balas são
discretas e projetadas para matar devagar.
Estão
mirando nos meus filhos.
Isso são
fatos.
Deixe-me mostrar minhas feridas: minha
mente vacilante, minha
Língua
de “me desculpe”, e essa
preocupação
insistente
com a sensação
de não estar sendo boa o suficiente.
Essas balas enterradas mais fundo que a lógica.
O racismo não
é intelectual.
Não
posso contra argumentar estas cicatrizes.
Do outro lado da minha porta
há
um inimigo real
que me odeia.
Eu sou uma poeta
que anseia dançar
sobre os telhados,
sussurrar delicados versos de deleite
e sobre as bênçãos
do entendimento humano.
Eu tento. Eu vou para a minha terra, minha
torre de palavras e
tranco a porta, mas a máquina de escrever não
abafa
os sons de explosões e ultraje contido.
Os meus próprios dias trazem tapas no
rosto.
Todo dia sou inundada com recordações
de que esta não é
minha terra
e esta é minha terra.
Eu não acredito na guerra entre raças
mas neste país
a guerra existe
(traduzido de Lorna Dee Cervantes. Emplumada. University of Pittsburgh Press, 1982)
(traduzido de Lorna Dee Cervantes. Emplumada. University of Pittsburgh Press, 1982)
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