Sat Aug 13 10:19 PM 2014
Acho que começo a entender.
É que na verdade eu sou mau. Nós somos maus. Os filósofos, os escritores, os psicólogos
somos pessoas de mau caráter que, incapazes de expressar nosso mau-caratismo pela ordem boa
e pura da sociedade, nos entregamos às formas mais baixas de vida
e aos prazeres fáceis como a solidão e o sexo.
Tomados então por ondas de má consciência, aliadas
à pulsão de morte, deslocada do eu para aquela ordem social que agora nos reprime, nos entregamos
a esse outro vício fácil que é a escrita. p///
compartilhamos aquele conhecimento íntimo do mau
depurado em visões, descrições,
comportamentos,
interpretações com uma constante ironia de quem sabe que mostra aquilo que é sua mais profunda verdade
crimiminosa, dentro de ritos e convenções que o legitimam.
Uma opção para os que querem ser maus.
Os que não gostam das regras
da civilização, da vida em comum. Os que querem ver a humanidade retroceder.
Os exercícios de auto destruição pela culpa passam sempre por um momento de entrega
a um impulso auto-masoquista, uma descrição crua e sádica dos próprios erros, uma elaboração da culpa
até atingir um ponto em que se acredita ter atingido pelas palavras o sentido do próprio sentimento,
da própria dor e arrependimento. mas também o de uma justificativa.
O ato da confissão
supõe
uma
crença
de
que
o
ato
em
si
, a descrição dos próprios pecados diante de Deus (de uma sua testemunha) o converte de alguma forma em
uma certa positividade para o espírito, para a “comunhão dos santos”, esse
depósito de boas ações para os que querem ser salvos no dia do julgamento final.
É difícil escrever quando não se está sozinho. A consciência da própria miséria n
ecessária ao ato, a p
rofundidade do vazio onde habita a verdadeira bele
za é tão embaraçosa diante
Dàs interações sociais que o escritor precisaria de fato
ou confiar completa e intimamente naqueles com quem convive ou tornar-se frio e pragmático
relacionando-se de forma mecânica com as pessoas - o que provavelmente levaria,
em última instância
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