3.6.23

 

Sat Aug 13 10:19 PM 2014


Acho que começo a entender.

É que na verdade eu sou mau. Nós somos maus. Os filósofos, os escritores, os psicólogos 

somos pessoas de mau caráter que, incapazes de expressar nosso mau-caratismo pela ordem boa 

e pura da sociedade, nos entregamos às formas mais baixas de vida 

e aos prazeres fáceis como a solidão e o sexo. 

Tomados então por ondas de má consciência, aliadas 

à pulsão de morte, deslocada do eu para aquela ordem social que agora nos reprime, nos entregamos 

a esse outro vício fácil que é a escrita. p/// 

compartilhamos aquele conhecimento íntimo do mau 

depurado em visões, descrições, 

comportamentos, 

interpretações com uma constante ironia de quem sabe que mostra aquilo que é sua mais profunda verdade 

crimiminosa, dentro de ritos e convenções que o legitimam.


 Uma opção para os que querem ser maus. 

Os que não gostam das regras

 da civilização, da vida em comum. Os que querem ver a humanidade retroceder.



Os exercícios de auto destruição pela culpa passam sempre por um momento de entrega

 a um impulso auto-masoquista, uma descrição crua e sádica dos próprios erros, uma elaboração da culpa

até atingir um ponto em que se acredita ter atingido pelas palavras o sentido do próprio sentimento, 

da própria dor e arrependimento. mas também o de uma justificativa. 

                                                                                                                O ato da confissão 

supõe 

uma 

crença 

de

que

 o

 ato

 em

 si

, a descrição dos próprios pecados diante de Deus (de uma sua testemunha) o converte de alguma forma em

 

 

 

 

 uma certa positividade para o espírito, para a “comunhão dos santos”, esse 

    depósito de boas ações para os que querem ser salvos no dia do julgamento final.



É difícil escrever quando não se está sozinho. A consciência da própria miséria n

    ecessária ao ato, a p

rofundidade do vazio onde habita a verdadeira bele

                        za é tão embaraçosa diante

Dàs interações sociais que o escritor precisaria de fato 

ou confiar completa e intimamente naqueles com quem convive ou tornar-se frio e pragmático 

relacionando-se de forma mecânica com as pessoas - o que provavelmente levaria,

 em última instância

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