sopro contínuo um susto sem pausa
eco sem voz um grito em silêncio
propaga canto vazio um
coro celestial após divino funeral
rumor sem palavras
intensidades puras movem astros
e montanhas entre os intestinos
o coração pulsa como
quisesse manter-se vivo e o
cérebro acredita coordenar
movimentos membros múltiplos
inquietos dedos buscam
sem saber um buraco
assignificante onde enfiar a
extremidade
um corpo enfim completo à parte
as pernas caminham para frente
sem olhar para trás
e toda a trajetória repete
insistentemente é daqui que você
veio não se esqueça,
mas é preciso
mesmo esquecer porque o mundo
é grande demais pra ficar andando
em círculos sem alegria
em ver sempre as mesmas coisas nas
mesmas paisagens é preciso
pernas e dedos que conduzam
para longe o cérebro
esticar fios amarrados em
torno à minha casa como um carretel
para desfazer um caminho sem volta sem
fim sem retorno encontrar em cada curva
nova origem para
logo ser abandonada e transformada
em peças soltas nas mãos prontas
dispostas como pedras
o caminho sobre o qual caminhar.
2 comentários:
saudades das tuas palavras sem origem!
abraço muito grande
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